A pirataria deu um prejuízo de R$ 9 bilhões ao setor de artigos esportivos brasileiro, somente em 2021, segundo pesquisa.
O mercado ilegal vem atrapalhando o lucro dos clubes, fornecedores e dos revendedores oficiais, além disso, os torcedores também sofrem com os itens falsos.
De acordo com os dados divulgados, o governo nacional deixou de arrecadar R$ 2 bilhões em impostos pelo mesmo motivo.
A pesquisa de campo em questão foi encomendada pela Associação Indústria e Comércio Esportivo (Ápice) à Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec).
Alguns outros dados mostram o porquê dessas cifras milionárias. Conforme o estudo, 50% dos entrevistados que adquiriram artigos esportivos em 2021, também compraram pelo menos um produto falso.
Além disso, 17% afirmou só ter comprado peças piratas, sendo assim, a pesquisa chegou ao número de cerca de 40 milhões de brasileiros que adquiriram algum item falsificado.
No total, contando artigos piratas e originais, foi comercializado no ano passado mais de 482 milhões de unidades de produtos esportivos.
Dessa quantidade, 33% não é produzido legalmente, ou seja, mais de 157 milhões de unidades falsificadas e comercializadas.
Em entrevista ao ge, o diretor-executivo da Ápice, Renato Jardim, explicou o prejuízo da pirataria no mercado e revelou que o grande culpado não é o ambulante na porta do estádio e sim quem está por trás.
“O consumidor de produtos originais está pagando a conta desse enorme mercado pirata que temos no Brasil. É preciso também considerar que paga uma conta alta em função de outros fatores, não só da pirataria. Principalmente a tributação. E a tributação alta é uma das origens da alta incidência de pirataria. Mas é claro que a pirataria também traz um custo. As empresas acabam tendo de investir para proteger suas marcas, fiscalização, monitoramento do mercado, cooperar com autoridades, manter advogados especializados, enfim, é uma somatória que resulta em custo, que é embutido no preço dos produtos originais. Além disso, a pirataria reduz a escala de produção e venda dos produtos, e portanto, aumenta o custo”, disse.
“É preciso atacar várias frentes. É preciso uma modernização da legislação para trazer maiores consequências aos responsáveis pela prática de pirataria. E aqui não estamos falando do vendedor na ponta. Muitas vezes as pessoas ficam com uma visão romântica de que quando estamos mexendo com pirataria é com aquele ambulante, o camelô do dia de jogo. Aquele ali está sendo explorado, ele precisa de outro tipo de assistência do estado. Está ganhando uma pequena comissão por venda. Há toda uma estrutura criminosa. As organizações criminosas já há alguns anos descobriram a pirataria como meio de levantar recursos para outros delitos mais graves”, finalizou.
Ciente da situação, o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp e da Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens (Abral), Marcio Gonçalves, explicou ao ge os motivos do combate à pirataria não estar resolvendo a situação.
“O investimento mais relevante que o Governo Federal vem realizando, desde o ano de 2005, é institucional, e representado pela criação e manutenção do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), no âmbito do Ministério da Justiça. Órgãos do Governo Federal direcionam verbas para ações de repressão a este crime, principalmente nas fronteiras brasileiras, mas que infelizmente, têm sido cada vez mais escassas, possibilitando o crescimento da pirataria, contrabando e descaminho. Os Estados, através das suas Polícias Civil e Militar, pouco investem na repressão à pirataria, com exceção de São Paulo. O número de agentes públicos envolvidos no combate a este tipo de crime está bem aquém do mínimo necessário, o que dá espaço ao crescimento do crime organizado”.
Port publicado em abril 29, 2022
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